A Casa da Real Intendência e Fundição do Ouro de Sabará
A Casa de Fundição de Sabará entrou em funcionamento em julho de 1734. Entretanto, já no ano seguinte a Coroa Portuguesa adotou novo sistema de cobrança do Real Quinto, conhecido por Capitação, e as Casas de Fundição foram extintas. Criaram-se, então, nas vilas sedes de Comarca, as Intendências do Ouro. Estabelecida por Carta Régia datada de 28 de janeiro de 1736, a Casa da Real Intendência do Ouro de Sabará era uma das mais importantes da região das Minas Gerais devido à sua área de abrangência e volume de produção de ouro. Funcionou de forma autônoma, até 1750, quando nova reestruturação administrativa recriou as antigas casas de fundição, integrando-se a elas as já existentes intendências.
O restabelecimento da Casa de Fundição de Sabará aconteceu por intermédio de Ofício datado de 21 de julho de 1751, porém, devido ao precário estado de conservação da construção, foram solicitadas providências para a sua reforma. Diante da situação, a Carta Régia de 1º de agosto de 1751 determinou a reedificação do prédio, assim como a vinda, da cidade do Rio de Janeiro, de material e equipamentos para seu funcionamento. Como resultado dessas intervenções, é possível que a edificação tenha adquirido as suas características arquitetônicas atuais, tornando-se um sobrado, ficando o primeiro pavimento ocupado pelas instalações administrativas e o segundo utilizado como residência dos intendentes, ganhando, com isso, seus elementos decorativos internos, como os forros de madeira apainelados dos tetos das salas.
Em meados do século XIX, todas as casas de intendência e fundição já haviam paralisado as suas atividades, sendo a de Sabará extinta no ano de 1830. Porém, a abolição formal desses estabelecimentos só iria ocorrer por lei em 25 de outubro de 1832, já durante o Segundo Reinado. Com o término das suas atividades administrativas, a construção foi levada a leilão em 1840, sendo arrematada pelo Comendador Séptimo da Paula Rocha, que passou a utilizá-la como sua residência, instalando também no local uma escola.
O prédio, tombado como Patrimônio Nacional, em 28 de junho de 1950, tem sua estrutura arquitetônica constituída por vigas de sustentação e armações do telhado, em madeira; telhas coloniais, em cerâmica; paredes em taipa de mão ou pau-a-pique, com revestimento em tijolos e massa de adobe e pintura em cal virgem, com acabamento em tinta a óleo nas estruturas das portas, janelas, sacadas e beirais.
A criação do museu
No ano de 1937, os descendentes do Comendador Séptimo da Paula Rocha venderam o imóvel da antiga Casa de Intendência e Fundição de Sabará, praticamente em ruínas, para o engenheiro Louis Ensch, diretor da Companhia Siderúrgica Belgo-Mineira, que o doou, dois anos depois, ao governo brasileiro. Em 30 de outubro de 1940, o governo federal transferiu a tutela administrativa e patrimonial do prédio para o então Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – SPHAN, órgão do Ministério da Educação e Saúde que o restaurou para transformá-lo em um museu que documentasse e sintetizasse a história da mineração do ouro na antiga Capitania de Minas Gerais.
Em 23 de abril de 1945, o Presidente da República Getúlio Vargas, por intermédio do Decreto n° 7.483, criou o Museu do Ouro, sendo a instituição inaugurada no dia 16 de maio de 1946.
Ao longo da segunda metade do século XX e início do século XXI, o museu esteve sob a administração de diversos órgãos federais ligados ao patrimônio histórico e artístico. Tal situação reflete a própria trajetória de consolidação da área cultural em nosso país. O museu encontra-se, atualmente, sob a gestão do Instituto Brasileiro de Museus – IBRAM, autarquia federal ligada ao Ministério da Cultura.
Incorporação da Casa Borba Gato
A Casa Borba Gato é uma construção de meados do século XVIII, típica do apogeu da Vila de Nossa Senhora do Sabará nessa época. A casa está situada na antiga “Rua da Cadeia” e ocupa uma posição de destaque dentre as construções vizinhas. Ao comemorar o bicentenário da elevação de Sabará a Vila, em 1911, a Câmara Municipal batizou a Rua da Cadeia com o nome do bandeirante paulista Borba Gato, descobridor das minas do Rio das Velhas. O edifício passou então a ser chamado Casa Borba Gato, apesar de não terem sido encontradas referências sobre qualquer relação entre o personagem histórico e o edifício.
O imóvel teve diferentes usos desde a sua construção: entre 1828 e 1850 foi utilizado como residência; de 1850 a 1860 funcionou como hospedaria, até ser adquirido com o intuito de ser novamente residência; de 1871 a 1896 abrigou a “Escola de Primeiras Letras”; em 1983 foi alugado pelo Museu do Ouro, passando a funcionar como Centro de Difusão Cultural, sendo reconhecido como bem de utilidade pública pelo município em 1984. Devido à sua importância cultural, em 1987 o Ministério da Cultura desapropriou o sobrado e o mesmo passou a pertencer ao IPHAN.
Após restauração que aconteceu no ano de 1992, o edifício foi incorporado ao Museu do Ouro (à época também sob a gestão do IPHAN), abrigando assim o Centro de Memória do museu, reunindo documentos históricos dos séculos XVIII e XIX relativos à antiga Comarca do Rio das Velhas. Além da disponibilização de importantes documentos para pesquisa, a Casa Borba Gato atuou por muito tempo junto à comunidade sabarense por meio da realização de oficinas e diversas atividades voltadas para a preservação do patrimônio cultural do município. Atualmente a Casa Borba Gato abriga o arquivo histórico e institucional do Museu do Ouro, assim como sua biblioteca.